Porque é que julgamos os árbitros?
Sei que não é uma foto ou um assunto em que estou a beber uma Poncha e não vai ter muitos “likes”, sei disso.
Muitos vão ver e nem manifestar apoio porque a nossa mente “formatada” quando lê “Árbitro” vai logo buscar provas que são os que prejudicam o trabalho dos treinadores, atletas e equipas, eu sei disso.
Eu passei por Atleta, Treinador, Dirigente desportivo, Árbitro, Dirigente de Arbitragem, Formador de Árbitros, Pai, Pai de Atleta, Pai de Árbitro.
Estas experiências permitiram aprender (com ajuda do meu filho) a respeitar o Atleta no seu percurso de situações de vibrações baixas e altas, o treinador nas suas decisões, o Filho nas suas decisões, os Árbitros na sua forma de gestão do jogo e nas suas decisões mesmo que a “minha” primeira impressão seja contrária à do ser humano/sujeito/árbitro.
Julgar os outros
Não tenho o direito de julgar nenhum humano. Esta trabalho é feito pelos juizes e advogados que formaram-se para esse trabalho. Alguém aqui na terra teve que se submeter a experiências para ser o julgador, eu safei-me dessa 🙂
No meu percurso de estudante de psicanálise tenho estudado a mente humana e descobri que guardamos muitos dos nosso traumas de infância no nosso corpo e que estamos, SEMPRE INCONSCIENTEMENTE, a procura de algo que “satisfaça” as nossa vergonhas, a nossa raiva a nossa frustração por não termos sido aquilo que gostamos de ser.
Necessitamos de um alvo para descarregar as nossas frustrações?
Os árbitros, os politicos, as religiões, a vizinha do lado, o vizinho de cima, o semáforo que não passa para verde, etc… 🙂 , são um alvo “porreirinho” para descarregar essa energia.
Por isso a minha sugestão é que acima de tudo cada um de nós comece por se respeitar, respeitar a si não prejudicando terceiros.
Respeitando a si, sem prejudico de outros vai mostrar ao outro como se respeita a si mesmo e por ai adiante.
Cada Ser humano é ÚNICO: Na forma de aprender, na forma de se expressar. Por isso querer que os outros mudem para eu ficar bem, não resulta.
resulta é EU MUDAR e FICAR BEM.
Como lidar com esta energia que nos faz sentir o “apetite” de JULGAR OS OUTROS?
Nunca te aconteceu mandar uma boca “folheira” 🙂 a alguém e segundos depois, ou horas, desta raiva e “apetite” de julgar passou te sentires incomodado e decepcionado contigo?
A mim já! Já me aconteceu muitas vezes e não me fez sentir melhor.
Então como aprendi a lidar com estas situações?
Vou vos dar um exemplo simples, que não é tão simples assim de executar, no entanto podes tentar fazer aos poucos e depois fazer de novo para outra situação e manter o ritmo para cada situação que te causa incómodo, raiva, frustração:
- Pegas num bloco
- Escreves a situação que te causa raiva, frustração, vergonha no bloco, por exemplo o ” Sinto raiva do Árbitro porque marcou um penalty que não era e prejudicou o trabalho de uma semana da minha equipa“. Ou “Estou irritado/a porque o meu filho não me obedece!“, outro exemplo “Sinto-me frustrado porque o treinador não me convocou ” primeiro colocas no papel a situação para leres e a tua mente interiorizar a situação;
- O que fazer a seguir:
- Após escreveres uma situação com a emoção que te causa raiva, medo, frustração, vergonha no bloco, sobre uma pessoa, ou situação, encontra 3 a 10 coisas boas sobre esta pessoa ou situação. Por exemplo: Na situação “Sinto raiva do árbitro porque prejudicou o meu trabalho de uma semana” 1º vou para um local onde consiga estar só, 2º respiro fundo, 3º acalmo-me e tento ver pelo menos 3 situações boas do referido ser humano/árbitro.
- Por exemplo, 1- ele sabe usar o apito com sucesso, 2 – ele consegue andar, 3- ele consegue correr, 4- ele sabe falar, 5 – ele deixou a sua familia para ajudar a realizar o jogo, 6 – ele sabe se vestir, 7 – ele sabe escrever, 8 – ele consegue desfazer a barba, 9- ele consegue ver, 10 – ele consegue gesticular . Tem consciente que a mente vai querer fugir para outra situação, ela vai te mostrar que tens sempre razão e vai querer que estejas sempre com raiva. Não acredites nela e mantém-te focado neste exercício.
- Depois de conseguires encontrar 3 a 10 coisas boas sobre a pessoas ou situação, agradeces 3 vezes para cada situação que encontras-te de bom sobre a pessoa.
- Por exemplo “ele deixou a sua familia para estar cá” fazes uma pausa de 9 segundos e interiorizas esta situação. Depois Agradece – Obrigado, Obrigado, Obrigado.
- Ao fazeres este exercício, MUDAS A TUA VIBRAÇÃO para uma vibração mais alta e mudas a vibração à tua volta para positiva.
- Geralmente depois, olhas de novo para o mesmo ser humano e o vês de outra forma.
- Após escreveres uma situação com a emoção que te causa raiva, medo, frustração, vergonha no bloco, sobre uma pessoa, ou situação, encontra 3 a 10 coisas boas sobre esta pessoa ou situação. Por exemplo: Na situação “Sinto raiva do árbitro porque prejudicou o meu trabalho de uma semana” 1º vou para um local onde consiga estar só, 2º respiro fundo, 3º acalmo-me e tento ver pelo menos 3 situações boas do referido ser humano/árbitro.
Espero que consigas fazer este exercício. Se tiveres dificuldade eu posso te ajudar. Podes me contactar pelo meu WhatsApp aqui.
Envio-te aqui um texto do Duarte Gomes sobre os “castigos” que os árbitros estão sujeitos e que aceitam, para ser árbitro.
Respeito pelos Árbitros! Policiamento Obrigatório Já!
Texto de @Kickoff – Duarte Gomes
“Os “castigos” a que estão sujeitos os árbitros quando cometem erros técnicos:
1 – Ficar um, dois ou mais jogos sem arbitrar nas jornadas seguintes e regressar gradualmente à competição depois disso;
2 – Má nota nesses jogos (são avaliados em todos), o que afeta diretamente a sua classificação no final da época;
3 – A má classificação no final da época pode provocar a despromoção como “árbitro internacional” (se o for) ou a descida de divisão para escalões não profissionais, o que regra geral pressupõe o fim de carreira.
4 – O não recebimento de verbas relativas a cada jogo não realizado, situação que impacta diretamente nos rendimentos anuais do próprio e respetiva família;
5 – As consequências da exposição pública ao erro, tornando o dia a dia difícil de gerir e obrigando a mudanças de rotina durante semanas (evitar frequentar certos sítios, alterar planos de férias/fins de semana, não cumprir compromissos pessoais ou profissionais, como idas a colóquios, ações de formação, à escola dos filhos, ao supermercado, etc).
O “golpe” na autoestima:
6 – O “golpe” na autoestima: é humanamente impossível não sentir a pancada quando toda a gente aponta o dedo, ofende, insulta, vandaliza, levanta falsos testemunhos e tantas vezes ameaça/agride. E quando os erros foram realmente cometidos, é difícil lidar com a confiança, com a crítica e olhar de censura dos seus pares, com vizinhos, amigos, conhecidos e desconhecidos. Essa pressão exterior afeta o registo da pessoa, do chefe de família, filho, colega, etc.
Os motivos acima elencados não são desculpas, porque para esse peditório não dou.
São factuais. Acontecem à vez, um e outro ou até todos de uma só vez: depende do árbitro, do jogo, da relevância do erro e da exposição mediática que alcançou.
Não desculpa nada, não desvaloriza a responsabilidade de fazer mais e melhor, nem impede que se continue a filtrar qualidade, escolhendo os melhores e afastando os menos capazes.
É um mero esclarecimento em relação à ideia generalizada do “aos árbitros nunca acontece nada”. Não é verdade.
Fica a nota clara (espero), apenas para que percebam que essa ideia de impunidade é falsa.
O que eu acho que as pessoas gostariam de ver (sentir) é a evidência pública desses castigos. A sua publicação/divulgação, de forma a saciar a sua “sede de justiça”.
Será isso?
Pergunta: além destes, de que outro modo acham que árbitros que erram sucessivamente podiam ser sancionados?
Dica para ajudar:
– Neste momento existem menos de 5000 árbitros no ativo em Portugal, para uma realidade mínima/necessária de pelo menos 10.000.
A quantidade é pouca e o recrutamento/retenção de novos elementos é francamente difícil. A seleção pela qualidade não é fácil nestas condições.
Digam de vossa justiça (de preferência, de forma construtiva).”
Imagem – JN | Texto in @Kickoff – Duarte Gomes
AÇÃO DE FORMAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO SOBRE A ÉTICA E VALORES NO DESPORTO NA ILHA DA MADEIRA
A ética e os valores são fundamentais no desporto, pois ajudam a garantir um ambiente justo e saudável para todos os intervenientes, desde os atletas, espectadores, árbitros, dirigentes, funcionários de recintos desportivos, treinadores e encarregados de educação.